sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Aladdin (1992)



Nome: Aladdin (Aladdin).
Diretor: Ron Clements e John Musker.
Gênero: Comédia/Musical/Fantasia/Desenho.
Elenco: Scott Weinger, Linda Larkin, Robin Williams, Jonathan Freeman e outros (versão original); Marcus Jardym, Sílvia Goiabeira, Márcio Simões, Jorgeh Ramos e outros (versão brasileira).
Nota: 5 estrelas.
Página no IMDb

Toda e qualquer criança da metade ocidental do globo que teve uma infância saudável e normal viu pelo menos algum filme da Disney, senão todos os seus clássicos. Antes da computação gráfica atingir níveis fantásticos e dos efeitos especiais parecerem tão reais quanto os atores de carne e osso, toda uma geração de obras-primas em 2D deu à Disney a fama que ela conquistou em todo o mundo.

Meu desenho favorito da Disney é justamente Aladdin, uma das várias versões da lenda do gênio da lâmpada mágica. É com a lâmpada, aliás, que a história começa: um mercador árabe parece saber que é o artigo mais exótico e raro da sua coleção, e a lenda sobre ela se inicia.

Somos apresentados primeiramente a um homem de aspecto sinistro e voz maligna: é Jafar (voz de Jonathan Freeman, na versão original, e de Jorgeh Ramos na brasileira), o grão-vizir de Agrabah, a cidade onde toda a história se desenvolve. Juntando as duas metades de uma jóia em formato de escaravelho, a mesma ganha vida e mostra a localização de uma caverna dos tesouros, que não permite a entrada de ninguém - apenas de um "diamante bruto".

De volta à cidade de Agrabah, conhecemos Aladdin (voz de Scott Weinger em inglês e Marcus Jardym no Brasil), um rapaz humilde que rouba para comer e vive nas ruas, sempre com a ajuda do seu fiel macaquinho Abu, que compreende perfeitamente o que qualquer humano fala e parece se expressar como um, apesar de emitir apenas grunhidos. É após mais uma das suas fugas dos guardas do palácio que tentam lhe pegar por um furto que ele vê duas crianças com fome, revirando o lixo. Apesar dele também estar faminto, ele entrega a pouca comida que conseguiu aos garotos, ficando com o estômago vazio e uma sensação de bem-estar.

Os dois irmãozinhos, no entanto, correm para a rua onde um príncipe está passando a caminho do palácio, quase sofrendo um acidente quando ficam na frente do cavalo. Não fosse por Aladdin, alguma coisa séria poderia ter acontecido, mas o nobre pomposo do alto do cavalo nem parece notar isso, a não ser na forma de um inconveniente na sua ida ao palácio. Revoltado com o tratamento que alguém tão rico dispensa aos mais pobres, Aladdin xinga o príncipe, certo de que se ele tivesse tanto dinheiro quanto ele, seria bem mais educado.

As coisas não se passam muito bem no palácio, no entanto. O sultão de Agrabah (voz de Douglas Seale no original e de Pietro Mário na dublagem nacional) tenta desesperadamente encontrar um marido para sua filha, a princesa Jasmine (Linda Larkin na dublagem original e Sílvia Goiabeira na brasileira), quem recusa todos os príncipes que já conheceu por serem metidos, arrogantes e pretensiosos. Seu tigre de estimação contribui para espantar todos os seus pretedentes também. Inconformada com as leis a que é submetida e desejando se casar por amor, a princesa decide então escapar do palácio onde vive quase como prisioneira sem poder sair, querendo ver o mundo.

É no mercado da cidade que Aladdin vê Jasmine pela primeira vez, ficando encantado com a beleza da princesa. Quando a mesma vê um garotinho que tinha fome e lhe dá uma maçã, o comerciante imediatamente exige o pagamento, que ela não tem condições de fazer por ter saído sem nada do palácio. Vendo a situação, Aladdin vai ao resgate da princesa, inventando uma história para ambos saírem ilesos do que quase terminara com a amputação da mão direita de Jasmine.

É nessa hora, no palácio, que Jafar descobre quem é o único homem que pode entrar na caverna dos tesouros: Aladdin. Um feitiço com um anel que o sultão possui lhe revela a face do escolhido, e ele manda os guardas do palácio atrás do ladrão, determinado a conseguir a lâmpada que ele sabe ficar na caverna. Os dois são encontrados então na "casa" de Aladdin, o lugar onde ele e Abu se refugiam normalmente, com uma belíssima vista do palácio. Com a prisão abrupta, o casal mal conseguiu trocar informações a respeito deles próprios ou sobre seus nomes - mas em uma tentativa final de libertar Aladdin, Jasmine se revela e o outro fica abismado com a possibilidade de ter passado os últimos momentos com a princesa da cidade.

Jafar faz então Jasmine acreditar que Aladdin havia sido decapitado, deixando a moça arrasada. A verdade, no entanto, é que ele se encontrava no calabouço do palácio, onde Jafar, na forma de um velho maltrapilho ajuda o outro a escapar e o leva para o deserto, onde ele encontrará todo o tipo de tesouros para viver uma vida confortável até o final dos seus dias. Tentados, Aladdin e Abu seguem o estranho velho até a caverna dos tesouros, que finalmente reconhece seu escolhido e lhe permite a entrada.

Uma única regra é imposta pela caverna, no entanto: se eles desejam pegar a lâmpada e sair dali vivos, devem tocar somente na lâmpada e em mais nada, por mais tentadores que sejam os tesouros espalhados em todas as câmaras da caverna. Procurando pela lâmpada, os dois são então surpreendidos por um tapete mágico, que parece curioso a respeito deles e depois do convite de Aladdin, prossegue junto com eles, mostrando ser um amigo fiel e muito útil.

A jornada vai bem até Aladdin pegar a lâmpada, no alto de uma estranha rocha - no mesmo momento em que Abu, não conseguindo mais se conter diante de um gigante rubi, agarra a jóia. A caverna imediatamente começa a tremer e a se desfazer por dentro, com explosões, fogo e desabamentos; Aladdin teria terminado morto se não fosse a ajuda do tapete para sair de lá literalmente voando.

Na saída da caverna, o velho pede a lâmpada primeiro, Aladdin pede a ajuda para sair - e quando o jovem finalmente cede e passa o objeto, o velho esquece completamente do ladrão e tenta assassiná-lo. No final, a caverna é novamente selada, e enquanto Jafar pensa que ficou com a lâmpada do lado de fora, Aladdin e Abu se vêem presos dentro da caverna com o tapete.

Esfregando a lâmpada por acidente, Aladdin liberta o Gênio (voz de Robin Williams no original e Márcio Simões no Brasil), uma criatura grande, azul e cheia de poderes mágicos, que explica ao ladrão que ele é seu novo amo, bem como ganhou direito a três desejos - salvo três condições: o Gênio não pode matar ninguém, fazer uma pessoa se apaixonar por outra ou ainda trazer alguém de volta da morte.

Engenhosamente, Aladdin, Abu e o tapete escapam da caverna com o Gênio sem gastar nenhum desejo, utilizando seu primeiro para virar um príncipe, de forma a conquistar Jasmine. É assim que ele vira o príncipe Ali Ababwa, fingindo ser alguém que ele não é para casar com a linda princesa e não sendo nada bem-sucedido de início, apesar do sultão adorá-lo.

É com um passeio noturno com a princesa que eles finalmente se acertam, sendo que Jasmine consegue ver as semelhanças entre ele e o rapaz que conheceu no mercado - que são, afinal, a mesma pessoa: Aladdin. O ladrão se entrega falando sobre Abu (agora transformado em elefante pelo Gênio) e tenta consertar dizendo que ele se disfarçava para ir ao mercado, porque ninguém gostava de ficar preso dentro do palácio. A mentira, por ora, funciona com a princesa.

Na volta ao palácio, Aladdin é atacado pelos guardas do palácio e jogado no fundo do mar com uma grande bola de metal presa ao seu corpo - uma clara tentativa de assassinato por parte de Jafar, que não quer que a princesa se case porque senão ele será imediatamente despedido. Livrando-se do príncipe Ali Ababwa, ele muda as leis de forma a poder casar com a princesa se ela não conseguir arrumar um marido no tempo hábil que lhe resta, enfeitiçando o sultão com o seu cajado em forma de cobra.

O Gênio, no entanto, salva Aladdin e ele retorna triunfalmente ao palácio, desmascarando Jafar e anunciando o seu casamento com Jasmine posteriormente. Humilhado, o grão-vizir percebe antes de escapar do palácio que o príncipe possui a lâmpada, sendo ele o rapaz do mercado. Com a ajuda de Iago (voz de Gilbert Gottfried no original e de Rodney Gomes na dublagem brasileira), ele rouba a lâmpada e passa a ser o novo amo do Gênio, mudando completamente a cara de Agrabah.

Seus desejos são virar sultão, seguido de uma vontade por amplos poderes como feiticeiro. Por mais que o Gênio não queira obedecer aos comandos de Jafar, ele o faz com pesar, não podendo se livrar da servidão que sua condição como Gênio o coloca. O ex-grão-vizir então se livra de Aladdin, mandando-o para longe e o rapaz se culpa por tudo, sabendo que se ele tivesse libertado o Gênio com seu último desejo e revelado a verdade para Jasmine (que acabou descobrindo tudo pela pior maneira por meio da Jafar), nada daquilo estaria acontecendo.

É com muita astúcia que Aladdin consegue reverter a situação, finalmente cumprindo sua palavra e libertando o Gênio, além de conseguir casar com a princesa no final. O vilão do filme, Jafar, é mandado para bem longe - mas retorna em um segundo filme com mais confusão, que no entanto, não chega aos pés do original.

Aladdin, como todas as obras da Disney desse período, ficou famoso por suas músicas. Dubladas em vários idiomas, elas fazem parte da memória que várias crianças possuem da sua infância, e eu não sou exceção. As vozes de Aladdin e Jasmine, quando cantando, são interpretadas por pessoas diferentes, mas no geral os outros dubladores permanecem. As mais famosas, neste caso, são "A Whole New World" ("Um Mundo Ideal") e "A Friend Like Me" ("Amigo Insuperável"), marcantes em qualquer
idioma. Eu pessoalmente prefiro a segunda música e também a "Prince Ali" ("Príncipe Ali"), ambas cantadas pelo Gênio que é meu personagem favorito.

O filme segue a estrutura de conto de fada: o início calmo e pacífico, onde o herói começa a se dar bem e finalmente acontece algo ruim, que é superado com esforço e então chegamos ao "felizes para sempre". O fato da trama ser conhecida e/ou previsível, no entanto, não tira nenhuma parte do encanto do filme. Além das músicas, a dublagem desse filme (como de todos os outros da Disney) é impecável, seja no original ou no Brasil. O trabalho de Robin Williams, como o Gênio, foi o primeiro passo para o costume que temos hoje de pessoas famosas dublarem personagens de desenhos animados. Ele também é creditado por grande parte do sucesso do filme e do seu personagem, tendo improvisado mais de 12 horas de material - para não ser creditado no filme por causa de uma briga com a Disney, que só foi sanada depois de anos.

Outra coisa que me chama a atenção nesse desenho é o tapete, uma criatura sem falas ou rosto que parece ter mais expressão e sentimento do que muitos personagens encontrados em outros filmes. Em certos momentos, é possível ver e sentir o que ele sente, seja alegria, esperança, divertimento ou tristeza, sem que ele esboce sequer uma expressão facial. Sua função para o sucesso de Aladdin no filme é crucial, bem como a de Abu.

Aladdin é um clássico cujo sucesso originou seqüências, série de TV e outros mini-filmes, fazendo parte da formação de várias pessoas educadas numa época onde a criatividade e o talento eram suficientes para produzir uma obra-prima inesquecível.